A porta, o jardim e o lixo


Jardim, visto de uma sala com decoração antiga. Composição de Antonio Pereira Apon.

É... Tem gente que adota como lema de vida, provérbios como: “O que os olhos não veem o coração não sente”, “pimenta nos olhos dos outros é refresco”, “quem pariu Mateus que embalance” ou “cada um por si e Deus por todos”.


Aquele cidadão construiu sua casa num aprazível condomínio, mandou providenciar um belo jardim, e uma cerquinha branca (como aquelas de filme americano), para guarnecer seu pequeno pedaço de paraíso. Colocou uma generosa porta de vidro, revestida por uma película espelhada. O que lhe permitia contemplar a bucólica paisagem de pintura impressionista, sem expor o interior da sua morada.


A residência ficava de frente para a entrada do condomínio, a uns 50 metros do portão. Logo ali, do outro lado da rua, um terreno baldio que não tardou a se tornar um depósito de lixo. Dia a dia, semana a semana, mês... A sujeira foi se avolumando. A princípio, nosso amigo não deu importância, “aquilo não era de sua conta”, ele não queria se aborrecer com “questões exteriores”, aquilo “não era problema seu”. Quando ao cenário insalubre, se somaram catadores, cachorros vadios, desocupados... O vidro deu lugar a pesada madeira de uma porta, que agora ocultava dos olhos, aquele monturo que maculava o encanto do seu jardim. O que se passava “lá fora”, “não lhe dizia respeito”, “não lhe interessava”...


Naquela manhã, quando saiu para aproveitar o seu jardim: Encontrou tudo revirado, esburacado destruído... A prefeitura tinha feito uma limpeza no terreno, e os ratos invadido o condomínio...


Pois é. Um dia o “problema dos outros”, pode vir a ser seu problema. Não adianta trocar a porta, fingir que não vê, fazer de conta que não existe. A omissão não protege e a acomodação pode custar caro. A ilha de conforto do seu egoísmo, uma hora pode ser invadida.



Postado aqui em 15 de outubro de 2012.


Antonio Pereira Apon.

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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

6 Comentários

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  1. Professor Antonio, antes de mais nada parabéns pelo seu dia, sua profissão pra mim é missão, uma linda missão de ensinar, ainda usas com propriedade seu dom de poetar, lindo isso!!!
    Tens toda a razão, quem se fecha e não quer ver vai ter de ver de uma forma ou de outra, pois a vida mostra!
    Lindo texto que faz pessoas pensarem!
    Abraços amigo professor e poeta muito querido!

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    1. Obrigado Ivone.

      As pessoas se insulam em ilusões, mas a vida as vem desiludir.

      Um abração.

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  2. Caríssimo Antonio! Você sempre nos ensinando com maestria! Amei seu texto! Destaco o que fecha com chave de ouro: ..."A ilha de conforto do seu egoísmo, uma hora pode ser invadida"...Isso é sensacional. A maioria está voltada para seu umbigo tão somente! Parabéns, mestre!
    Abração da Célia.

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  3. OLá Antonio, boa noite!!

    Amigo, tenho estado ausente, por encontrar-me um tanto dodói, quando o repouso se faz necessário. Mas a teimosia, uma das minhas características ainda não trabalhadas por mim, me traz pra Net, pra blogar, escrever, visitar...

    É...a vida tem inúmeras e precisas formas de agir no sentido de nos despertar pras verdades que não se quer conhecer, e nos fazer conscientizar de nossas responsabilidades. E se isso não acontece pela Razão, pela observação, ou pelo amor, acontecerá pela dor.
    Gostei imenso do teu texto, porque me vou daqui, com uma reflexão a amis...

    Parabéns pelo Dia do Professor, e felicidades, meu amigo!

    BJos da LU...

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    1. Obrigado Lú.

      Quando não aprendemos as tantas lições da vida. Vem a dor como um "curso de recuperação", que nos obriga a estudar mais e praticar o aprendido. Se ainda assim, não tomamos vergonha... Voltamos repetentes em outra encarnação. Mas um dia a gente aprende.

      Te desejo melhoras, se cuide e não abuse.

      Um abração.

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