O Caipira a realidade e a tecnologia



Entre a modernidade tecnológica e a medieval carência. Um hiato de humanidade. Desumanidade num circo de horrores.


Antonio Pereira Apon.


Tela do celular.


Morador de um remoto e pequenino vilarejo, menor que salário mínimo. Lá pras bandas de “Deus que acuda”, onde nem promessa de político consegue chegar. Após alguns dias na capital, retornou narrando suas percepções tecnológicas e realísticas:


- “Cumpade. Fui fazê exame de prosta e astroporose na capitar qui o dotô mandô fazê com urgência. In tudo qui é lugá, tem um tar de computadô. Os home juntaro telivisão cummáquina de inscrevê e deu nesse trem que dá pra vê a vida dos otro numa tar de internetica. Uns outro, pegaro o computadô e butaro numa taubinha metida a besta e apelidaro de tabrete. Chamam isso de tecnicologia! E o povo dana a falá istrangero, é: Dolod, scrip, imeio, notbruque, feicebruque,iutubre... Mas fiquei invocado mermo foi quano infiaro o tabrete num telefone piquinininho que fala sem fio, diz qui é ismartofone. Lá na Cidade, eles colhe milho em saquinho, tira leite de caixa, faz chuvê água quente... Mas, o atendimento no tar do “SUSTO” não tem nada dessas modernidade. É um mundarel de gente de madrugada na porta do hospitar tentano consurta e izame, uns funcionaro mais brabo qui os cavalo daqui, os dotô chega tarde, nem óia pra nós e já vai simbora... Tive qui i vários dia, por conta de um disgraçado de funcionaro, um tar de sistema, que todo dia cai, não sei purquê não aposenta esse infeliz... Vou ter qui vortá paruano para termina os izame qui marcaro para dispôs da Copa”.


Três meses depois, o Cidadão morreu...



Postado aqui em 04 de maio de 2013.


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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

7 Comentários

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  1. Oi Antonio!

    "Ai qui dó!"
    É dura a realidade! Tal qual escreveste! A tecnologia contrastando com a burocracia, ou falta de vontade politica, não sei ao certo!
    Ai de nós!
    Beijos!

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    1. O pior é que essas pessoas são tratadas como gado, contadas como reses nas estatísticas oficiais. O avanço tecnológico, contrasta tristemente com o atraso social, jogado debaixo do tapete da propaganda governamental e partidária, que vende a farsa de uma “Ilha da fantasia”, um Brasil de faz de conta, falso ouro de enganar tolo.

      Um abração.

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  2. Olá, estimado Antônio!

    Se o meu poema "pega fogo" seu texto é de uma graça, inteligência e crítica mordaz e social, tremendas.

    Sei que há lugares, no Brasil, onde falam desse jeito, mas ver escrito, é uma delícia.

    Pobre do homem, que vivia atrás do solposto, e que perante tanto avanço da técnica, acabou por falecer porque a burocracia e a logística continuavam, como há um século atrás.

    Lamento mortes, assim, mas, infelizmente, sucedem.

    Bom domingo e semana.
    Abração da Luz.

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    1. Infelizmente, entre as tecnologias e demais avanços que podem dignificar a vida humana, e o povo necessitado. Estão políticos jurássicos com sua medieval canalhice. Pouco preocupada está essa gente, com a sorte indigente da população.

      Um abração.

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  3. Hahahahahaha que legal Antono! Vc descreveu muito bem o sotaque dos caipiras, eu também gosto muito de fazer essas coisas! Parabens. Gostei muito!

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    1. Pena que o pitoresco, esconda a ignorância patrocinada pelo descaso, e a desassistência favorecida pelo descompromisso dos poderosos. Triste piada de um país mal letrado, maltratado, desgovernado.

      Um abração.

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  4. O linguarejar do homi está o máximo. Creio ter entendido quase tudo.
    Quando o sistema "cai", para tudo e as pessoas desesperam. Pobre do homem que acabou por morrer devido à paragem das novas tecnologias na Medicina.
    Beijos e abraços.

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Clique para ler: A pedra.            Poema de Antonio Pereira Apon.




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