Vida. Poema/crônica da janela gradeada


Ilustração oficial do blog - Uma rosa vermelha na diagonal, sobre um fractal do por do sol, com o nome Apon em relevo, na parte inferior da imagem. #PraCegoVer

Caros, apertados apartamentos,

figurados ataúdes,

onde se subvive,

sobrevivendo até a morte chegar.

A janela sonega a paisagem...

Verde?

Nem por miragem!

Comtempla-se a concreta inconcretude,

passeios de cimento rude

para o destino transitar.

Carros driblam a buraqueira,

lixo, esgoto e mais sujeira,

narinas a afrontar.

Cachorros mortos de sede

com a fome a lhes morder.

Bêbados trôpegos,

tropeçando em suas desditas,

só a sarjeta a lhes acolher.

Feito lata de sardinha,

arrastado ônibus ruminando o dia,

leva o trabalhador penitente,

sociedade agônica.

das grades de sua liberdade:

O assalto,

o sobressalto,

o medo em cada um ser assaltante.

Paranoia,

pinoia de todo dia.

Sobram leis,

falta justiça,

injustiça a proliferar.

A polícia prende,

a impunidade se apressa em soltar.

Cidadãos na gaiola,

quem a cidadania viola

segue livre a flanar.

Autoridades cuidam de seus impróprios interesses,

desinteresse pelo ético, justo e real.

E a vida segue em prisão domiciliar;

sem recurso ou apelo,

sem habeas corpus ou alvará.

sem carta de alforria,

sem brecha por onde escapar.

Sem quem advogue,

sem quem proteste,

sem quem rogue!


Antonio Pereira Apon.

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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

4 Comentários

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  1. Não há palavras para comentar poema de vida de quem vive, observa, se expressa e não deixa apenas ficar por entre grades da liberdade de ver, ouvir e falar. Calar, jamais! Excelente, Antonio!
    Abraço.

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    Respostas
    1. Poetizar, prosear, protestar, gritar, cobrar... Até que as coisas mudem. Calar? Jamais!

      Um abração.

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  2. olá, António...

    agradeço sua amabilidade.

    a cirurgia decorreu bem, mas estou ainda muito longe de atingir os cem por cento, se os conseguir atingir. vamos com calma, então.

    um texto poético brutal e real, infelizmente. é, entre grades, aquilo que observas nesse teu gigantão, ou na maior parte dele, e eu k nunca o visitei, nem vontade, curiosidade, talvez, tenho a mesma sensação que tu. ontem, falei com uma brasileira k é balconista, como vocês aí falam, e ela me disse que está em Portugal há 15 anos, que nunca mais voltou ao Brasil e que não tem nem um pingo de saudades. casou com um português e está muito feliz.

    abração e dias de luz, sem grades.

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    Respostas
    1. Tudo há de ficar bem.

      O Brasil é um país maravilhoso, que tem tudo para dar certo. Fora um "detalhe". Tem uma antiga piada que explica, dizendo mais ou menos assim: "Na criação do mundo, Deus colocava tudo de bom no Brasil e distribuía os infortúnios com o resto do planeta. Em certo momento, o Diabo questionou aquele "privilégio". O Criador respondeu: - Espere para ver o povo que vou colocar aqui dentro"!

      Bem assim.

      Um abração.

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Clique para ler: A pedra.            Poema de Antonio Pereira Apon.




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