Experiência de Quase Morte. O mito de Er


Ilustração oficial do blog - Uma rosa vermelha na diagonal, sobre um fractal do por do sol, com o nome Apon em relevo, na parte inferior da imagem. #PraCegoVer

Transmitido pela tradição oral, Platão, discípulo de Sócrates, traz-nos em A República, um relato de alguém retornado do Hades. O mito de Er, no qual, independente das injustiças, erros e prejuízos provocados, os espíritos errantes resgatavam, expiavam o mal perpetrado na Terra, para assim purificarem a alma em consonância com uma inteligência cósmica, essencialmente moral.


Er, habitante arménio, Panfílio de nascimento, guerreiro morto em batalha ressuscitou 12 Dias depois da própria “morte”, narrando o que vira no além:


Desprendida do corpo, sua alma viajou com outras até chegar a um espaço etéreo com duas aberturas para a Terra e outras duas, similares para o céu, entre as quais, juízes decidiam o destino de cada ser. Os justos iam para a direita, que subia ao céu; injustos, para a esquerda, desciam... Cada alma recebia uma nota, sentenciada conforme seus feitos.

Er foi incumbido de revelar aos homens aquelas coisas. As almas chegadas da Terra pareciam vir de uma longa travessia, estavam impuras, imundas mesmo; as vindas do céu chegavam puras e limpas cantando delícias e indescritíveis belezas. As oriundas de baixo gemiam e choravam rememorando padecimentos de centenas de anos nos subterrâneos.


Cada alma era apenada de modo a reparar todo mal cometido. Homicídio, impiedade; sobremaneira, crimes contra os deuses, contra os pais, eram ainda mais severamente punidos. Apenas quando completamente curadas da sua maldade e expiados totalmente seus desenganos em superlativos castigos, às almas eram liberadas das profundezas e a abertura permitia sua subida.


Er percebeu que os que já estavam quites com seus pecados tornavam à vida, passando por onde habitavam as três filhas da Necessidade, as Parcas: Láquesis (o Passado), Cloto (o Presente) e Átropos (o Futuro), que teciam o desiderato humano. Era quando, um mensageiro dos deuses ofertava escolhas, opções de vida para as almas. Iriam começar uma nova existência terrena. Destinos diversos, de todo tipo. Mas, tais escolhas podiam resultar em armadilhas. O essencial era escolher bem; evitar quedas, fugindo da ganância, da tirania e dos feitiços da riqueza, evitar a luxúria, os desregramentos e optar sempre com discernimento, zelo e equilíbrio. Só assim o ser conquistaria a felicidade almejada, lembrando de focar a escolha em busca da virtude, arcando com a responsabilidade e os ônus do seu livre arbítrio.


Conduzidas para a planície do rio Lete e, junto do rio Amelas, as almas eram forçadas a beber certa quantidade de água, tornando-se esquecidas em diferentes graus, de acordo com a quantidade ingerida. As mais beberronas, esqueciam demais, eram os tolos e as que bebiam menos eram os sábios. Ao rebombar de um trovão, a terra tremeu, era a hora das almas seguirem seus destinos, renascerem como estrelas prontas para brilhar. Enquanto Er, impedido de beber acordou “milagrosamente”.


Mitos e lendas, costumam trazer um sentido moral, ricos ensinamentos, guardados sob o manto da alegoria. E a vida após essa nossa vida terrena, suas penas e gozos é aqui retratada por Platão. Somos espíritos e estamos momentaneamente presos num corpo físico, sendo libertos dele pelo fenômeno natural da morte, quando voltamos ao nosso estado original, condição real de seres imortais.


Nossos feitos e não feitos nos acompanham e, por eles respondemos perante o “júri” instituído por Deus em cada alma, o “tribunal” da própria consciência. Despido do véu do esquecimento, das ilusões e tantas miragens da matéria, cada espírito é inexoravelmente compelido a reparar seus desatinos e se reajustar por meio de idas e vindas sucessivas entre os dois planos do existir. Os mais imaturos, inconsequentes e recalcitrantes, tardam em sofrimentos voluntários, adiando, retardando sua caminhada evolutiva, orbitando no círculo estreito das inferioridades. Deliberadamente, adiam seu céu existencial, estagnando em infernos interiores.


Assim, somos autores e protagonistas de nossas vicissitudes e venturas, sorrisos e lágrimas, ônus e bônus… Para onde formos, para onde conduzirmos nossas vidas.


Cada vez mais, as experiências de quase morte, ou simplesmente EQM, trazem notícias do outro lado em crônicas que mostram que a vida segue, não finda no túmulo, tanto quanto, não começa no berço.



Antonio Pereira Apon.

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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

6 Comentários

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  1. Mitologia é mesmo uma boa forma de pensar sobre os mistérios da vida e da morte!
    A mente incessante nos segue em sonhos literalmente, em vida aqui na terra, acredito que há sim uma consciência imortal, até a ciência já comprova isso, as experiências de quase morte estão sendo muito estudadas, muitos médicos não duvidam mais disso.
    Acho bom a gente pensar e falar sobre o assunto, independe de religião ou fé!
    Muito bom seu texto!
    Abraços apertados amigo Antonio!

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    Respostas
    1. A vida segue. Independente de religião, de acreditar ou não, do querer... A morte do corpo é a grande certeza a qual as pessoas preferem ignorar, mas ela um dia ela chega e todos vão descobrir que não é o fim, apenas, um novo começo.

      https://www.youtube.com/watch?v=3TeOBT1Sdp0

      Um abraço.

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    2. Querido amigo Antonio, cada espírito reencarnado que toma essa consciência mostrada nessa entrevista, já está a meio caminho andado para ser leve e feliz, pois muitos vivem aqui ignorando totalmente essa possibilidade de sermos consciência eterna e só mudamos de "estado", aqui é físico, carnal, pesado, lá é fluídico!
      Tenho muitas experiências com espíritos que se foram e muitos estavam tão iludidos que se manifestaram acreditando que não estavam desencarnados, pensaram que estavam vivos ainda, só depois de serem convencidos de que são espíritos desencarnados , foram em paz.
      Sou médium de transporte também, tenho quase todos os dons, e as provas, pois não fico sabendo os nomes dos espíritos para não sentir que estou enganando ou sendo enganada, é complicado para quem não entende, mas você entende e sabe muito bem disso.
      Não precisa publicar isso que estou escrevendo aqui, fica entre nós se quiser!
      Abraços apertados!

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    3. Temos muito mais a saber do que aquilo que já sabemos. Pena que muitos prefiram ignorar o tema da morte, como se assim pudessem fugir dela. Depois, quando passam para o outro lado, sofrem desnecessariamente. Cabe-nos esclarecer-nos e tentar esclarecer a quem queira, sobre essa transição, fenômeno natural que faz parte da vida.

      https://www.youtube.com/watch?v=NUMsTxhLFE4

      Um abraço.

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  2. Bom dia amigo Antonio, vi partes do vídeo, mas irei assistir na íntegra!
    A Vida tem seus mistérios, acho que por isso há muitos estudos para se conseguir, pelo menos um pouco, perceber a nossa realidade, acho que se acreditarmos no sentir, pois sentimentos são genuínos, são eles que nos guiam, seguir nossa alma, sentir a vida em todas as suas nuances, eis uma boa forma de ir, aos poucos, nos desprendendo, pois o fim não existe, a morte "não dói", pois quando se chega a essa parte, o espírito já não está mais presente no corpo que o animou!
    Assunto muito bom, não sabemos toda a verdade, mas podemos nos condicionar a sermos felizes com o que nos é possível saber!
    Abraços apertados e tenhas um lindo dia!

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