Recebi no Whatsapp um texto atribuído erroneamente a João Ubaldo. Ontem, postei no Facebook o citado escrito, incluindo esse meu comentário:
De fato, toda mudança começa em cada cidadão, do acordar a consciência da parte que nos cabe na construção de um Brasil melhor. Nossos governantes e toda a politicalha, são o retrato de uma sociedade hipócrita que elege seus iguais. Gente que reclama o mal feito dos outros, mas que não hesitaria em fazer o mesmo se oportunidade tivesse. Precisamos ter coragem e vontade de mudar a começar de nós mesmos. Temos que combater a corrupção da política sim. Mas não podemos aceitar os tantos jeitinhos com os quais compactuamos cotidianamente. Um Brasil melhor requer brasileiros melhores. Sem isso, continuaremos a eleger péssimos representantes, o lixo do lixo de uma sociedade que vive a ruminar seus dissabores voluntários.
Contudo, o caráter deformado da coletividade, não é atenuante nem justificativa para o mau-caratismo dos saqueadores, cafetões e outros delinquentes que prostituem a nação, desde o descobrimento até o pós petralhada nesses tempos escabrosos e sem noção.
Antonio Pereira Apon.
Para minha surpresa, hoje, na página: http://www.monitormercantil.com.br/index.php?pagina=Noticias&Noticia=36197&Categoria=J.CARLOS%20DE%20ASSIS, encontrei um comentário do Sr. J.CARLOS DE ASSIS, datado de 22/09/2006 sobre o pretenso artigo do saudoso autor baiano e o seguinte desmentido:
“Semanas atrás, recebi, assinado por João Ubaldo Ribeiro, um e-mail nos seguintes termos”: "Não sou eu o autor do texto comentado pelo sr. J. Carlos de Assis, a respeito de um texto intitulado "Precisa-se de matéria prima para construir um país". Esse texto foi produzido por alguém que desconheço e que o pôs na Internet. Acho que devia haver mais cuidado na apuração de autorias, para que esse tipo de injustiça não aconteça, ou seja, eu responder por algo que não fiz. Gostaria, se possível, de uma correção."
Preocupado quanto à veracidade do desmentido. O Sr. J.CARLOS DE ASSIS, busca confirmação:
“Pedi a uma assessora para tentar apurar a autoria junto à Academia Brasileira de Letras e a editora Nova Fronteira, que eram as procedências registradas da mensagem. Sem muita dificuldade ela teve acesso ao próprio Ubaldo. E ele confirmou diretamente que alguém juntara pedaços esparsos de coisas que tinha escrito, acrescentando outras por conta própria, para montar o artigo...”
Em: http://5dias.net/2006/11/27/jorge-palinhos-a-literatura-dos-cucos-2%C2%AA-parte/, mais um desmentido de João Ubaldo, escrevendo a amigos:
“Estou lhe mandando o texto abaixo porque está circulando na internet como meu e, antes que você tome um susto ao eventualmente recebê-lo, quero explicar que não tem nada de meu, eu nunca escreveria esse negócio nunca. Até o detalhe de molhar a mão do guarda é inverídico, porque não tenho carteira e não dirijo mais há uns trinta anos. Mas não posso fazer nada, só posso desmentir a quem me pergunte. E agora você, a quem lhe perguntarem. Abraços chateados de João Ubaldo”.
Para minha ainda maior estupefação. Em: http://caldeiraodebolsa.jornaldenegocios.pt/viewtopic.php?t=72743&js_link=1, encontrei uma “versão” do texto, tratando acerca da política em Portugal.
Eis o texto que não é de João Ubaldo Ribeiro, mas de um até então desconhecido autor:
"Precisa-se de Matéria Prima para construir um País"
A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve.
E o que vier depois de Lula também não servirá para nada. Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão corrupto que foi Collor, ou na farsa que é o Lula.
O problema está em nós. Nós como POVO. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA" é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as "EMPRESAS PRIVADAS" são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu "puxar" a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito.
Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas fazem "gatos" para roubar luz e água e nos queixamos de como esses serviços estão caros.
Onde não existe a cultura pela leitura (exemplo maior nosso atual Presidente, que recentemente falou que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem econômica.
Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar ao que não tem, encher o saco ao que tem pouco e beneficiar só a alguns.
Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser "comprados", sem fazer nenhum exame.
Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre.
Um país onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos do Fernando Henrique e do Lula, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem "molhei" a mão de um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Dirceu é culpado, melhor sou eu como brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um cliente através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.
Como "Matéria Prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "ESPERTEZA BRASILEIRA" congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte... Me entristeço. Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem serve Lula, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente sacaneados!!!
É muito gostoso ser brasileiro. Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda... Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um Messias. Nós temos que mudar, um novo governador com os mesmos brasileiros não poderá fazer nada. Está muito claro. Somos nós os que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda nos acontecendo: desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você, o que pensa? MEDITE!!
Postado aqui em 17 de março de 2015.
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Amigo Antonio, verdadeiro esse texto, faz mesmo refletir, sim, somos todos culpados pelo que vemos aí, tem até um ditado que diz: "cada povo tem o governo que merece", embora tenhamos tido uma educação severa e de bons exemplos dos nossos pais, muitos de nós se fôssemos colocados à prova, como sairíamos?
ResponderExcluirPois é, poder e dinheiro corrompe, é uma pena que seja assim, sem contar que somos omissos, eu mesma não fico vigiando o que meus candidatos eleitos fizeram ou fazem.
Ninguém faz isso, esperam a mídia denunciar, depois se vê como vai ficar!
Abraços amigo poeta, tenhas uma linda tarde!
Como diz aquele ditado: "É o roto falando do esfarrapado e o sujo do mal lavado". O que não justifica tanta bandalheira da politicalha.
ExcluirQuanto a autoria do texto. Acho isso uma grande maluquice, trocam ou inventam autor, desfiguram textos, plagiam...
Um abração e um bom fim de semana.
De volta aqui e pelo que sabemos, nada muda, ou melhor, muda sim, mas sempre para pior, que pena que é assim e quanto ao plágio, que coisa triste isso, nao tem jeito, vamos seguindo, nem é só aqui no nosso país lindo e rico onde só o povo é pobre.
ExcluirAbraços apertados.
O Brasil aderiu ao "projeto ribanceira", segue rolando ladeira abaixo com a leniência de muitos. Já o plágio, segue como erva daninha...
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
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Permitam que vos elucide sobre o autor da crónica "Precisa-se de matéria-prima para construir um país". A crónica original foi escrita pelo escritor português Eduardo Prado Coelho, falecido em Lisboa em agosto de 2007. Os meus cumprimentos
ResponderExcluirIsso aí. Obrigado pela interação.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
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