Tomba o culpado e o inocente; e daí? Vida de pobre é indiferente! “A operação foi um sucesso!” Entre mortos e feridos, só gente descartável.
“Bandido bom, é bandido morto!”
Zurra o torto,
fingido certo,
incerto homem de bem.
Mas a morte só convém;
se for do pobre preto,
favelado da comunidade.
Pro bandido rico;
se intenta anistia, se pede impunidade;
imunidade pra lamentar.
Afinal,
“quem tem padrinho, não morre pagão.”
Mas lá na quebrada,
a burrice entra armada,
mal ajambrada lacração.
Desinteligente,
o argumento da bala,
embala a falsa argumentação.
“Direitos humanos para humanos direitos,”
defeito de cognição.
O estado que todo tempo se ausenta,
desastrado, de repente se apresenta:
É só tiro, porrada e bomba,
é político que zomba, já de olho na eleição.
Tomba o culpado e o inocente;
e daí?
Vida de pobre é indiferente!
“
A operação foi um sucesso!”
só invisíveis, entre os mortos e feridos;
não estava ninguém verdadeiramente poderoso,
nenhum asqueroso endinheirado,
ninguém que lucra com tanta desgraça.
Entre desastrados mocinhos e desvairados bandidos,
só um povo descartável.
Nesse engenho perverso,
a despoesia sem verso;
gente e nada confundida,
contundida alopração.
Tomba o culpado e o inocente;
e daí?
Vida de pobre é indiferente!
Sem inteligência,
resta:
de uns, o fingimento,
de outros, o lamento.
E tudo segue como dantes...
Até a próxima matança.










