Brasil, delírio da utopia


A Ilha dos Mortos, do pintor simbolista suíço Arnold Böcklin.

Utopia. De origem grega, a palavra representa uma espécie de "não lugar", "lugar que não existe". Cunhado por Thomas More, o termo intitula sua principal obra. Segundo alguns historiadores, o autor, ficou fascinado pelas narrativas fantásticas do navegador português Rafael Hitlodeu, parceiro de Américo Vespúcio em suas derradeiras viagens. Em diálogo com Hitlodeu, More critica a sociedade em que vive, desejando uma sociedade ideal. Então, Rafael lhe fala com minudências de uma ilha imaginária que conhecera. Perfeita! organização política, social, familiar, trabalhista, urbana, distribuição de renda, saúde, segurança... Uma ilha de felicidade plena! todos satisfeitos em suas necessidades. Tal ilha representa uma “possível” sociedade baseada na razão/imaginação, exercício mental buscando solucionar um problema proposto por More da seguinte forma:


“dado um país no qual se ignorasse por completo tudo o que diz a revelação cristã, mas onde a razão humana pudesse resolver com isenção as questões do bem comum, que soluções se dariam para a organização política e social?”.


A resposta do autor: a Utopia!


Contudo, o pensamento utópico estabelece um paradoxo. De um lado, uma racionalidade política; do outro, imaginação, fantasia, fuga para a irrealidade. Assim, utopia pode ser considerada como a peleja entre uma realidade rechaçada e um ideal almejado.


***


Como o navegador Rafael Hitlodeu, nossos “políticos”, falsos salvadores da pátria e verdadeiros mercadores de utopias, apostam no velho canto de sereia de dizer o que o eleitor deseja ouvir. Assim, o aventureiro da vez, fascina, seduz, faz parecer que nada é alguma coisa, que bravata é solução e promessa é algo mais que ilusão.


Afeito a terceirizar soluções e ignorante da força que pode ter o exercício da cidadania, o povo, desiludido com a realidade, emprenha pelos ouvidos; abdica da razão, embarca no jogo, vai brincar de ser contente, delirar em uma irrealidade ideal, até a próxima utopia.


Antonio Pereira Apon.

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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

15 Comentários

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  1. Siempre nos manipularán, la prensa y la radio también se encargan de hacerlo.
    No queremos utopías, buscamos realidades beneficiosas para todos.
    No perdamos jamás la esperanza.
    Cariños.
    kasioles

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    1. Por aqui, o povo adora uma utopia e até briga para ser enganado. Quanto mais mentiroso o político, mais amado. Depois, quando se desiludem, começam a fazer besteira, procurar um outro enganador com mentiras diferentes ou repaginadas.

      https://www.youtube.com/watch?v=QDOhMfihgAk

      Mas, esperança sempre!


      Um abraço. Tudo de bom.
      Literatura. O escritor e sua pedra filosofal.

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  2. Respostas
    1. Instigante como as pessoas permitem se manipular por maquinações políticas e suas fábricas de utopias. Requentadas mentiras intentando, ameaçando se reeditarem.

      https://www.youtube.com/watch?v=6kVBqefGcf4

      👍😊🌹🤗

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  3. Gostei de ler a sua publicação.

    Hoje, com: Sussurros da natureza em desamor
    Bjos
    Votos de uma óptima Terça - Feira

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    1. Infelizmente, nem só poesia, nem só coisa boa... Mas, felizmente, a arte de escrever também é alerta, tenta acordar.

      https://www.youtube.com/watch?v=ymm4GCff3As

      👍😊🌹🤗

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  4. O melhor que podia ler para toda esta onda em que se embrenhou o brasileiro num pleito repleto de inverdades, ódio e intolerâncias. Como disse o cantor, eu também queria uma para viver Antonio, mas persisto na minha ideia flor fora do jardim e sigo na desilusão de ver os rumos que a coisa se direciona.
    Bela e rica postagem amigo.
    Meu abraço de paz.

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    1. Todos os que não embarcaram na nave louca da polarização manipulada e mentirosa, todos os que não acreditam em "salvadores da pátria" nem são devotos de candidatos e o partidos. Sentem-se qual peixe fora d'água em meio ao efeito manada da insensatez. Requentadas mentiras, novas inverdades e o canto de Ney Matogrosso ecoando na memória, como uma grande verdade ignorada, mas, que domina os bastidores da politicagem nacional.

      https://www.youtube.com/watch?v=5dY5p-XAjqE

      Até quando, povo brasileiro?

      👍😊🌹🤗

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  5. Olá, Tonico!

    E dizias tu k só falarias em política em 2022, mas afinal quase k diariamente abordas o tema.

    Pois, só um país, região, ilha chamada utopia seria perfeita. A humanidade se amando, zero corrupção, todos com boas condições económicas e sociais, enfim, More soube bem o k escreveu, mas ainda não se concretizou.

    Enfim, político aí ou em qualquer lugar do planeta diz como dizia a canção de Dalida "Paroles, paroles, paroles" (palavras, palavras, palavras…) risos.

    A "Ilha dos Mortos" mete susto, mas se integra bem em teu post.

    Abracinho e um diazinho bem feliz, com flores e borboletas.

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    1. Política eleitoral, partidária, candidaturas... Esse tipo de política, só em 2022, se a democracia sobreviver.

      Aqui trato num sentido mais amplo; sociológico, consciencial, supra-ideológico. É quase um manifesto antropólogico do comportamento de um povo e daqueles que seduzem por palavras:
      "... Uma palavra mais

      Palavras, palavras, palavras
      Escuta-me
      Palavras, palavras, palavras
      Eu te peço
      Palavras, palavras, palavras
      Eu te juro
      Palavras, palavras, palavras, palavras
      Palavras, ainda palavras, que tu

      Eis meu destino te falar como pela primeira vez
      Ainda palavras, sempre palavras, as mesmas palavras
      Como eu adoraria que me entendesses
      Nada mais que palavras
      Que tu me escutasses ao menos uma vez
      Palavras mágicas, palavras táticas que soam falso
      Tu és meu sonho proibido
      Sim, tão falso..."

      https://www.youtube.com/watch?v=_ifJapuqYiU

      Esse jogo ficcional de sedução, marketing para enganar quem quer ser enganado, gente ávida de uma utopia para chamar de sua. Se pudessem oferecer uma canção aos eleitores em período de campanha, certamente, os politiqueiros teriam essa como opção para ofertar a seus bobos da corte:
      "..:
      Vai, vai, vai começar a brincadeira
      Tem charanga tocando a noite inteira
      Vem, vem, vem ver o circo de verdade
      Tem, tem, tem picadeiro e qualidade
      Faço versos pro palhaço que na vida já foi tudo
      Foi soldado, carpinteiro, seresteiro e vagabundo
      Sem juízo e sem juízo fez feliz a todo mundo
      Mas no fundo não sabia que em seu rosto coloria
      Todo encanto do sorriso que seu povo não sorria..."

      https://www.youtube.com/watch?v=NOSbxCGqUVE

      Um abraço, sem utopia.

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    2. Ah, me deixa rir! Tu pensas, k vivemos isolados, mas o lugar de violador, bandido é na cadeia e depois caso não se emende, pena de morte.

      Sim, aqui e agora falas sociologicamente, portanto da sociedade.

      Paroles, paroles, paroles é das canções mais bonitas da música francesa e nada tem de social, mas de sensual. Ela não acredita, teoricamente, em uma só palavra dele, expressado o seu amor e lhe diz que pode procurar outras, k acreditem nele. E Alain Delon lhe jura tantas vezes, que a ama de verdade.

      Colocaste um extrato da canção, k é linda, tal como a do "Circo". É, a "brincadeira" vai começar e eu espero, k nenhum brasileiro se faça de palhaço. Quem votou em Bolsonaro, sabe as medidas, que ele apresentou ao povo brasileiro, portanto, se a maioria ganhar, há k respeitar.

      Um beijinho e um sono estável.

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    3. Concordo que a sociedade não pode continuar vivendo sob o julgo da bandidagem. Cadeia para os marginais de ofício e também os da política. Pena de morte, não concordo. Prisão perpétua, para homicídio, tráfico, sequestro e estupro.

      Pois é um verdadeiro e libidinoso jogo de sedução o que fazem com o eleitor, daí, caber a música. Palavras, palavras e mais palavras de enganação.

      Palhaço, sem dúvidas! O eleitor.

      Com certeza! O resultado das urnas precisa ser respeitado e acatado por todos. Isso aqui, ainda, é democracia, não tem conversa nem desconversa. Quem disse que não aceitaria outro resultado que não fosse a sua vitória, foi o capitão.

      Um abraço. Inté!

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    4. Com certeza, Tonico!

      Pensamos diferente em alg. aspetos.

      O eleitor tem de pôr a cabeça a funcionar ou então vote nulo.

      Eu sei k Bolsonaro disse isso, mas se for como Trump o muro do México está ficando altíssimo -rs.

      Beijinho, menino!

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    5. Infelizmente, o eleitorado colocou o Brasil na corda bamba, se equilibrando no fio da navalha. Um abismo à direita, um precipício à esquerda... Nulidade cidadã.

      Inté!

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    6. Foi a vontade popular, meu querido amigo. Há k respeitar.

      Bisous.

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