Palavra ou palavrão? Você é quem diz!


Ilustração oficial do blog - Uma rosa vermelha na diagonal, sobre um fractal do por do sol, com o nome Apon em relevo, na parte inferior da imagem. #PraCegoVer

O tênue limite entre a palavra e o palavrão, geralmente é determinado pelos usos, abusos e costumes que podem se modificar com o decorrer do tempo. Uma simples palavra pode tornar-se um pesado palavrão e vice-versa. É o caso do versátil substantivo feminino que vamos tratar aqui. Hoje exprimindo admiração, alegria, espanto, simpatia, entusiasmo, aversão, raiva, carinho, surpresa, chateação, impaciência... Em sua dilatada “gramaticidade”, pode aparecer como interjeição, adjetivo, advérbio, conjunção... Como podemos notar, não é aquela esponja de aço, mas tem “mil e uma utilidades”. Originalmente, o vocábulo designava uma tosca arma de madeira, um pedaço de pau com uma protuberância onde eram incrustados pedaços de metal, como pregos. Cacete, porrete, clava... diz-se também tratar-se de uma espécie de cetro eclesiástico, usado por autoridades da Igreja, entre os séculos XIII e XV. Dai, do latim, chegamos à “porra” dos dias atuais, uma palavra que virou palavrão e um palavrão que virou palavra.


Multiuso, multifacetada, provérbialmente coloquial, ela ganha “situação geográfica”, quando quem manda alguém para lá, lá já deve ter ido, até conhecer sua latitude, longitude e outras particularidades. Os mais íntimos, acostumados a mandar diretamente para a casa da “cidadã”, devem ser contumazes frequentadores, conhecedores do seu endereço, CEP, telefone... Há quem diga que “é longe pra porra”. Será que ela paga IPTU?


Quando usada para designar abstrações, objetos desconhecidos ou cujo nome não é lembrado. O sujeito ataca de: “Essa porra” isso, “aquela porra” aquilo...


Nas relações interpessoais: Fulano “é um amigão da porra”, “vem cá seu porra”, Cicrano “é burro pra porra”, “que porra é essa rapaz”?! ... Falando com “carinho”: “Você sabe que eu te amo, porra" "fique triste não, porra”...


Em bom “baianês”: Uma bela mulher é “bonita pra porra”, um cidadão “esteticamente mal servido” recebe logo uma adjetivação: “É feio feito a porra”. Negando, sai um; “porra nenhuma”! Espanto é "pooorra!"". Na alegria, vai um “porra deu certo”! E na tristeza: “Porra, deu tudo errado”. No assalto, o meliante grita: “Passa a porra do celular”! O policial surpreendendo o marginal: “Parado aí porra. Senão eu atiro”! O “tricolor de aço” ganhando do “Vicetória”: “Bora Bahêa minha porra”!!!


A política não podia ficar de fora. Discutida na mesa do bar ou na barbearia de Teteco: “A porra do eleitor, vota numa porra de candidato que não vai fazer porra nenhuma! Vai É dar uma bela de uma porra para o povo”. Poucos anos atrás, na minha adolescência. Quando alguém dava uma sonora “porra”! O outro logo respondia: “Não dê porra nessa porra, que essa porra não é porra. Se essa porra fosse porra, você não dava porra nessa porra. Seu porra”!


Porra, meu! ...


Antonio Pereira Apon.

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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

8 Comentários

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  1. Que porra é essa, Antonio???
    kkkkkkk

    Adorei, muito divertido. A porra realmente é uma classe gramatical dominada até por aqueles que nunca foram à escola.

    Um abraço.

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    1. Sem educação de verdade o Brasil vive frequentando essa casa tão popular. E tão adequada a grande parte da classe política.

      Um abração.

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  2. Ah! Antonio! ... "porra meo"... mudou o dicionário... e nós ficamos à deriva... Linguagem usual hoje é essa acrescentada, sem nenhum pudor ou elegância à conversas habituais... "tô fora meo"... Prefiro ser antiquada! Claro que no momento certo, na topada com o pé da cama ou da mesa... sonoro palavrão... acalma até a dorzinha enjoada! Falo também... [rsrs]
    Abraço,
    Célia.

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    1. Também prefiro um vocabulário mais comportado e educadamente correto. Fiz aqui uma brincadeira entre linguagem e linguajar.

      Um abração.

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  3. Olá, António!

    Esse substantivo comum abstrato, feminino do singular é pouco usado em Portugal.

    No Alentejo, província onde nasci, ele se diz, com alguma frequência. Eu nasci no sul do país, e no norte se diz palavrão, mas do "grosso". Entende?

    Acho até alguma piada, à forma como você o utiliza no seu post, e portanto refletindo a realidade do cotidiano.

    Quando iniciei meu blog, me chocou uma coisa, que era: vocês escreverem até, em poesia, "tesão", que, aqui é um tremendo e feio palavrão. Só homem usa, em conversa de homem. "Tesão", mulher, não usa.

    Depois, com o tempo, percebi que era usual e vocês não viam mal nenhum na palavra e que o sentido não era pejorativo.

    Adorei o seu texto, a inteligência e graciosidade do mesmo.

    Resto de bom domingo e melhor semana.

    Abraço da Luz.

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    1. Fiz aqui uma brincadeira com os usos (e abusos) na forma popular da língua com o passar do tempo, numa dinâmica que altera o sentido e o "peso" de palavras como essa. Certamente, tal liberalidade não é aceita pela academia, como expressão da norma culta. Aqui no Brasil, talvez por conta dessa "salada cultural" que nos caracteriza, prospere essa maior informalidade, aceitação e irreverência no trato da linguagem coloquial, resultando nessa "ambiguidade" entre algumas palavras e palavrões.

      Um abração e uma boa semana.

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  4. Oi Antonio,

    Nada contra, mas eu não gosto "dessa porra"!
    Não acostumei com essa palavra "esquisita" ainda, porém
    quem sabe amanhã ou depois, eu não esteja falando, "porra", e daí?
    Vai saber!!!!!!!!!
    Adorei o texto!
    Tenha uma ótima semana!
    Beijos!

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    1. Também não gosto, nem costumo usar. Mas está na boca do povo. Ainda bem que verdadeiramente, a voz do povo, não é a voz de Deus, e o Criador não é brasileiro como dizem. Senão...

      Obrigado, Jossara. Um abração.

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