O menino e o tempo


Ilustração oficial do blog - Uma rosa vermelha na diagonal, sobre um fractal do por do sol, com o nome Apon em relevo, na parte inferior da imagem. #PraCegoVer

Um texto para crianças de 5 a 105 anos! Um dos sete contos do nosso livro: Coleção Graziela.


Adriano era um menino muito esperto e brincalhão, mas naquela manhã ele estava triste e pensativo, sentado numa pedra, parecia não ver nem ouvir nada a seu redor. Foi quando uma linda fada apareceu em sua frente.


- O que houve Adriano? Por que você está triste? ...


- Eu queria ser gente grande minha fadinha.


- Mas você vai crescer, vai se tornar um homem, vai ser gente grande.


- Mas vai demorar muito!


- Mas para que essa pressa toda? Tudo acontece no tempo certo. Mas por que você quer tanto ser gente grande logo?


- Eu quero poder fazer tudo o que eu quiser.


- E quem disse a você que os adultos podem fazer tudo o que querem? Todo mundo tem que obedecer regras, receber ordens, respeitar limites...


- Mas criança não pode fazer nada, tudo é: deixa isso aí menino, não pode, isso é feio, ainda é cedo, você vai apanhar, está de castigo...


- Então por isso você quer ser gente grande?


- Quero!
- Eu vou realizar o seu desejo, mas se prepare para enfrentar muitas dificuldades, pois o mundo dos adultos é muito diferente do mundo das crianças.


- Mas o mundo não é um só?


- Aparentemente! Mas você vai entender o que eu estou falando; durante um mês, será gente grande, será adulto e terá que viver como tal; passado esse tempo, mandarei um senhor te procurar, para saber se você vai querer continuar como gente grande.


- Mas quem é esse senhor? E por que não vem a senhora falar comigo?


- Esse senhor é o tempo, ele estará em meu lugar, porque gente grande não acredita em fadas, por isso não pode vê-las.


- Mas eu nunca vou deixar de acreditar.


- Quando você for adulto seu pensamento irá mudar, e eu, na cabeça do Adriano adulto, não passarei de um sonho de criança.


Falando algumas palavras mágicas a linda fada movimentou as forças do universo e transformou Adriano em um homem.


Adriano adulto, todo dia levantava cedo para trabalhar, não tinha tempo para nada, como ele havia passado de criança para adulto sem adolescer, só tinha o segundo ano primário, sem estudo, ele ganhava muito pouco e tinha que estudar à noite para ver se conseguia melhorar sua situação.


Quinze dias se passaram e as saudades do seu tempo de menino começavam a lhe apertar o peito, ele lembrava da professora que com carinho corrigia o seu erro lhe ensinando o modo certo de fazer, ela era muito diferente do patrão que agora aos gritos lhe jogava na cara um pequeno erro que cometeu; lembrou dos pais que as vezes premiavam com castigo suas travessuras, só agora ele entendia que aquela dor não doía, pois aquelas mãos mesmo quando castigavam, eram mãos de amor.


Vinte e nove dias passados e Adriano estava triste, seus amigos estavam todos preocupados com seus próprios problemas, não tinham tempo para nada que não significasse ganhar dinheiro, foi quando ele lembrou dos coleguinhas da escola, com os quais dividia o lanche e as brincadeiras do recreio, lembrou também dos amiguinhos de sua rua e descobriu como era bom ser criança.


No trigésimo dia, ele já não mais suportava a angústia daquela espera pelo senhor tempo, parecia que as horas não passavam, os minutos se arrastavam tornando aquele dia uma eternidade, a noite chegou e Adriano desiludido achava que ficaria adulto para sempre, não mais voltaria a ser criança o senhor tempo, havia esquecido dele e ele não acreditava mais em fadas.


Uma lágrima rolava em seu rosto quando um senhor de longas barbas brancas, colocou a mão em seu ombro e disse:


- Está na ora de voltar, tudo tem seu tempo, as árvores não crescem se não forem plantadas e cuidadas: Existe o tempo da semente, o do pequenino rebento, o do frágil caule, até chegar o tempo da árvore que dá flores e frutos. Assim também é com as pessoas; há o tempo do bebê, o da criança, o do adolescente, o do jovem, do adulto e o tempo do idoso, ninguém pode pular o tempo e só o tempo pode nos ensinar que a felicidade está em aproveitar e aprender o máximo de cada fase da vida, pois a vida é como um quebra-cabeça, se faltar a peça da criança, da adolescência ou qualquer outra a vida estará incompleta e a felicidade também.


Nesse momento Adriano acordou, tudo tinha sido um sonho, mas daquele dia em diante muita coisa mudou para ele que aprendeu que tudo o que ele fizesse de bom ou de ruim, serviria para que ele fosse mas ou menos feliz no futuro e que era preciso aprender a ser criança, para um dia saber ser adulto.


Antonio Pereira Apon.

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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

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