Cidadão. Saia da caverna!


Ilustração oficial do blog - Uma rosa vermelha na diagonal, sobre um fractal do por do sol, com o nome Apon em relevo, na parte inferior da imagem. #PraCegoVer

Platão, inspirado por Sócrates, buscava a essência, além da aparência. E como qualquer um, que, liberto das sombras da ignorância, arriscaria, como seu mestre, a própria vida, simplesmente para expressar o seu pensar, intentar aclarar as mentes toldadas por tantas irrealidades.


Desde que nasce, o indivíduo é ensinado, treinado, doutrinado, convencido, adequado… A enxergar o mundo por uma determinada ótica. De repente, alguém subverte suas crenças, desmente tudo, desmascara farsas, parcialidades, mitos… Revela novos conceitos, desmente velhas convicções. Senão por coisas tais, Sócrates foi sentenciado, inspirando essa alegoria, O mito da Caverna. Nele, Platão nos convida a refletir sobre a similitude da realidade humana dentro e fora de uma caverna: condicionamentos, preconceitos, manipulações, ritos, dogmas...


Conta Platão:


Seres humanos, nascidos e criados dentro de uma caverna. De costas para a entrada, acorrentados, imobilizados, constrangidos a reter o olhar na parede do fundo da gruta, sem poder ver uns aos outros ou a si mesmos.


Atrás dos prisioneiros, uma fogueira, separada deles por um muro, por detrás do qual passam pessoas carregando objetos que representam "homens e outras coisas viventes". As pessoas caminham por detrás do muro, assim, seus corpos não projetam sombras, mas sim os objetos que carregam. Os prisioneiros não podem ver o que se passa atrás deles, apenas as sombras que são projetadas à sua frente. Os sons que ecoam do exterior, induzem os prisioneiros a associá-los com as sombras, seriam as falas das mesmas. Portanto, a realidade.


E, se um dos prisioneiros for solto? Veja o fogo e tudo mais? Nova realidade, novo conhecimento! A claridade ferindo seus olhos... Ele não poderia ver bem. Se lhe apresentassem o presente como a realidade e as sombras de antes como não, ele duvidaria. Confuso, tentaria voltar para a caverna, onde estava acostumado e podia ver.

Se decidisse voltar e desenganar seus antigos companheiros, seus olhos, já adaptados à luz, ficariam enceguecidos pela escuridão, como antes com a luz. Os outros prisioneiros, diante disso, deduziriam que a saída da caverna tinha lesado o companheiro. Portanto, não deveriam sair jamais! Se pudessem, matariam quem tentasse tirá-los dali.


E a humanidade segue, enfurnando-se em suas “cavernas”: emocionais, comportamentais, religiosas, políticas, virtuais, ideológicas, morais, culturais…


Qual as projeções do mito da caverna, a chamada, grande mídia, projeta imagens parciais da realidade, confundindo a opinião pública, com a opinião publicada, manipulando a percepção do espectador tornando-o mero objeto, passivo expectador. Joguete entre versões da “verdade”, conforme a linha editorial desse ou daquele veículo de comunicação.


A propaganda, lança o consumidor nas sombras subliminares das “necessidades” desnecessárias, para vender a obsolescência programada, envelhecendo novidades para mover as engrenagens do capital.

A religião como a política, projetam miragens salvacionistas em seu teatro de sombras que ensombram e assombram a real realidade. Sinonimizando eleitores e devotos, ideologia e fanatismo, alienação e fé...


O eufemismo do “politicamente correto”, oblitera a percepção, fantasiando “verdades”, rechaçando o contraditório, “pasteurizando” conceitos, maquiando preconceitos, fingindo...


Assim. De caverna em caverna, descaminha a humanidade… Até quando?


Cidadão. Saia da caverna!


Postado aqui em 28 de julho de 2017.


Agora assista esse vídeo que encontrei no Youtube: Mito da Caverna - por Maurício de Souza.

"O mito da caverna, ou Alegoria da caverna, é uma metáfora utilizada por Platão em A República (livro VII). A idéia dele era mostrar como poderíamos nos libertar da condição de escuridão e ignorância que nos mantém aprisionados, se não procurarmos o saber e a verdade."


tema: thunder and lightning polka, de johann strauss, por the regency philharmonic orchestra.




Antonio Pereira Apon.

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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

14 Comentários

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  1. Essa "zona de conforto"... do deixar para que outros resolvam... esse consumismo desenfreado... já está saindo bem caro para todos nós!
    Abraço.

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    1. Manietados pela acomodação, vamos assistindo as sombras das sombras que nos oferecem. Seguimos com a velha ração de pão e circo, temperada com fantasia e alienação. Sobretudo, numa "caverna" conhecida como Brasil.

      http://m.aponarte.com.br/gifs/triste.gif

      Um abraço e um bom fim de semana.

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  2. Querido amigo, pois é, assim é a Vida dos que temem viver, pensam que viver é fazer somente o que nos é imposto, por convenções, crenças, preconceitos, mas a Vida nos fala, grita, nos sacode, um dia acordamos e nem sempre é em tempo, pode até ser tarde demais!
    Pensar por nossa mente é mesmo de muito atrevimento, nem todos querem assumir esse atrevimento, pois isso também pode significar o medo da solidão!
    Assim "...descaminha a humanidade..." !
    Amei ler, abraços apertados!

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    1. Perde-se muito tempo em cavernas comportamentais, perdidos entre sombras. Acomodados e subservientes, muitos se aclimatam ao menor esforço e apenas sobrevivem sem viver.

      Um abraço.

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  3. Oi, Tonico!

    E tu já saíste da "caverna"? Ah, estás tentando sair. Eu tento todos os dias, também, mas ainda não consegui, creio.

    O Mito da Caverna sempre me interessou e até tive muito boas notas em Filosofia, não porque soubesse muito da matéria, mas tinha jeito para imaginar, entrosar assuntos e complicar (rsrsrs).

    Fizeste uma excelente correlação entre a teoria filosófica e a vida de todos nós.

    Abracinho e bom domingo.

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    1. Vivemos, sobrevivemos de caverna em caverna entre nossas sombras interiores e exteriores, um dia nos libertaremos dessas cavernas e das tantas sombras... Complicar faz parte da nossa humanidade, simplificar é divino.

      E num contraponto a estagnação cavernosa e ensombrada, Raul Seixas nos exorta a sermos uma "Metamorfose ambulante", nesse interessante vídeo produzido pela Sansung e a Vivo (Empresa de telefonia) em homenagem ao nosso "maluco beleza":

      https://www.youtube.com/watch?v=kK8P_SsW4Rs

      Um abraço e bom domingo para ti também.

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  4. Tens toda a razão. O vídeo é, simplesmente, fantástico e grandioso. De fato, estamos, apenas, em "cavernas" feitas de outro material, porque parece, que em muitos aspetos não evoluímos, bem pelo contrário. Metamorfoses ambulantes, é isso mesmo.
    Adorei a letra, que já conhecia daqui. Nós somos tantas vezes antípodas nos sentimentos e não só.

    Abracinho e boa semana.

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    1. Antigas e modernas cavernas, nova humanidade velha. Sentir, pensar e agir diametralmente opostos ao ideal, assim vamos no descaminho humano, civilização que não parece ter aprendido muito com o tempo, com nossos milênios.

      https://www.youtube.com/watch?v=Y80GfK_mFDw

      Um abraço e uma semana cheia de coisas boas.

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  5. Oi, Antonio!
    Ah! O mito da caverna!
    Mito??!! Andamos e andamos, mentalmente não evoluímos o bastante, concorda amigo?
    Beijo carinhoso. feliz semana!

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    1. Na verdade, estagnamos nas sombras de nossas sombras. Haja caverna!

      Um abraço. Tudo de bom.

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  6. Oi, Apon, como vai? Interessante sua partilha sobre o mito da caverna, tenho visto bastante sobre isso, do quanto estamos presos a paradigmas e dentro de todo uma estrutura que conserva essa postura. Qualquer um que sai do convencional parece um lunático, quando na verdade é o contrário. O filme Matrix trata do Mito das Cavernas em uma versão moderna - a Matrix não é o lugar perfeito, Matrix é onde todos vivem até sairem da caverna. Abraços!

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    1. É o velho "sistema", a caverna dos condicionamentos adquiridos nos quais vai-se acomodando, se adequando e apenas sobrevivendo, pensando viver. Fora a nossa caverna política, tudo vai bem.

      Um abraço.

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  7. Estou de acordo com os filósofos que citou e com a sua analogia...
    Abraço, António.
    ~~~~

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