A adivinha, “o caboclo” e o político


Ilustração oficial do blog - Uma rosa vermelha na diagonal, sobre um fractal do por do sol, com o nome Apon em relevo, na parte inferior da imagem. #PraCegoVer

O sujeito resolveu apelar para o além, queria que o sobrenatural resolvesse sua vida. Procurou uma dessas “adivinhas” que prestam “servicinhos espirituais”:

- Madame Octa, eu sou burro de pai, mãe e avós também, não sei fazer nada, até consigo emprego, mas, logo apronto alguma jeguice e sou demitido. Agora resolvi prestar concurso público. Preciso de “estabilidade”, um lugarzinho para me encostar e aguardar a aposentadoria chegar... A prova já é no próximo domingo, de tarde.


- Então o senhor quer ser servidor público?


- Não. Não é para tanto. Servidor tem que trabalhar, servir. Eu quero ser é um “servido público”! Sabe como é né? Inteligência eu não tenho, mas, esperteza…


- Sei…


A mulher deu uns tremeliques, umas resfolegadas; sacolejou daqui, remexeu dali e falou:


- Conectei! Conectei com o Caboclo Banda Larga, ele vai te ajudar meu filho. Você só vai precisar fazer uma recarga de R$ 50,00 em cada um dos dois números de celular que vou te dar. É para colaborar com nossa corrente fraterna de assistência interdimensional…


- Só isso?


- Faça as recargas e não se preocupe, o Caboclo está dizendo que você pode curtir sua praia, tomar suas cervejinhas, pegar suas periguetes… Basta que, antes de começar a prova, você repita esse mantra dez vezes: Byte que vai, byte que vem, que meu sucesso traga o além; com Banda Larga na frente, tudo vai muito bem.


Assim foi feito. E lá foi ele, marcando as respostas, bem ao estilo “Papai, do céu, mandou dizer, que a resposta, é essa, daqui!” Obviamente, não passou no concurso e indignado foi tirar satisfação com a cartomante:


- Você e esse seu caboclo me enganaram! Quero meu dinheiro de volta! Você é uma picareta, trapaceira… …


A madame pegou ar e respondeu à altura:


- Sou tudo isso sim! E você o que é? Pelo menos, eu só engano a quem me procura, pedindo pra ser enganado. Otários como você: sem noção, sem personalidade, dignidade; parasitas que querem sempre se dar bem, arrumar um “jeitinho...” Vai estudar vagabundo!!!


Aquele emprego o cara não conseguiu, afinal, não prestava para prestar concurso, fazer prova… Contudo, logo se acoitou num desses sindicatos pelegos e fez carreira política. Hoje está rico, muito bem de vida. E como todo bom politiqueiro em Brasília, segue, politicando e andando para o povo.


A adivinha e o seu “caboclo”? Ela está foragida, procurada por ter engrupido a mulher do amigo do primo de um juiz. Banda Larga, o seu marido, está preso por estelionato e segue aplicando golpes por celular, de dentro de uma prisão de insegurança máxima…


Viva o Brasil!


Antonio Pereira Apon.

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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

10 Comentários

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  1. Bem, Antonio... há nomes e sobrenomes para todos esses seus personagens, não é mesmo? Li, e a cada um, nominava podendo escolher entre vários!! Até quando iremos com isso? Entra governo, sai governo... vamos às urnas e não resolvemos! Seríamos incompetentes?
    Abraço

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    1. Nós sabemos, muitos sabem, mas, esses mesmos estrupícios, são eleitos, reeleitos; elegem filhos, netos... Acho que o Ultraje A Rigor, sempre esteve certo: "A gente somos inútil..."

      https://www.youtube.com/watch?v=27pChzF9UiA

      Um abraço e uma boa semana.

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  2. Ficção ou realidade, António?
    Um excelente post onde fazes uma apresentação social e cultural do teu Brasil.

    Tudo de bom e boa semana.

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    1. Ficção. Mas, a realidade é tão surreal, que tais personagens encontram espelho em personas não gratas da "divina comédia" brasileira. Isso aqui é uma piada pronta!

      https://www.youtube.com/watch?v=IVQ9Gve-10g

      Um abraço e uma semana feliz.

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  3. Oi, Apon, o duro é imaginar que apesar de caricata, a história ilustra situação real, do "esperto" que queria um emprego, ao estelionatário que dá golpes da prisão. abraços!

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    1. O pior, é que realidade e ficção se confundem numa superlativa surrealidade. Triste país da piada mais que pronta.

      https://www.youtube.com/watch?v=K7n1-EzcnMc

      Um abraço.

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  4. Querido amigo Antonio, nem sei até quando iremos ver tudo isso que estamos vendo, mas seu texto é inteligente e só não entende quem não quer entender!
    Nosso Brasil, que triste que é ver tão grande descaramento em política!
    Abraços apertados!

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    1. Nos acomodamos além da conta, aceitamos o inaceitável, compreendemos o incompreensível, toleramos, engolimos... E os nossos algozes seguem debochando, rindo da nossa credulidade. A música "Eu menti", da banda Nenhum de Nós, bem poderia se chamar: melô do político 171.

      https://www.youtube.com/watch?v=44J2Wij_bT0

      Um abraço.

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  5. OH Antonio, o que não falta na mente desses elementos, é esperteza, o eleitor parece desmemoriado,com tantas falcatruas à vista, e que não é de hoje, o povo ainda elege os bandidos, é preciso recusar o tapinha nas costas seguido da compra de voto... O povo brasileiro precisa acordar, vamos dar resposta e votar "0" nas próximas eleições!

    Seus gritos são demais oportunos amigo!

    Abração e boa semana!

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    1. O que esperar de um povo alienado, chegado a um jeitinho e que acha legal "querer levar vantagem em tudo"? Os embusteiros agradecem e a corrupção prospéra. Triste povo, triste Brasil.

      Um abração cheio de esperança de dias melhores.

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Clique para ler: A pedra.            Poema de Antonio Pereira Apon.




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