Ignorância. A História não perdoa. Pode se repetir



Lembrou de alguém, imaginou um determinado personagem? Pois é, a história guarda incontáveis lições que se ignoradas ou mal compreendidas, tendem a se repetir. Aqui, com base no trabalho de Walter Charles Langer, psicólogo americano. Falamos de...




O Grande Ditador, filme de Charles Chaplin.

O país vivia uma crise econômica, a população amargava o desemprego e outras tantas de suas consequências; as instituições despertavam descrédito e pouca confiança… Aquele político, corporificava um estado de espírito dum povo carente de um “salvador da pátria, paladino da moralidade, senhor de todas as virtudes... Assim, o sujeito foi conquistando adeptos. Ele “causava” com seu jeitão de tratar grandes problemas de uma forma prosaica e simplista. Dissimulado e manipulador: dizia do que o eleitor queria ouvir, sem rodeios, vociferava apaixonadamente suas necessidades, sentimentos e dores; despertava os instintos mal guardados de cada um, mas, cuidando de mascarar sua ignomínia com um verniz moralista, valendo-se do velho axioma de que “os fins, justificam os meios”; explorava como ninguém os atavismos e tradições que dormitavam no inconsciente coletivo, como forma de inocular nas massas entusiasmo e emoção; mestre das bravatas, slogans, modismos comportamentais, dramaticidade verbal e mecanismos sub-reptícios afins, capazes de minar a psique dos seus “fiéis”.
Jogava com as questões triviais do cotidiano, camuflando a realidade, inflando o ego popular, que ansiava por um líder redentor, confiável e probo, capaz de assumir a terceirização das soluções de todas as mazelas nacionais. Trabalhando os medos do povo, ele prometeu “milagres”, espalhando “verdades alternativas”, conquistando uma verdadeira devoção capaz de subverter a realidade, anestesiar o discernimento, desqualificar provas, evidências do seu lado obscuro deliberadamente mal disfarçado.

Era o “novo”, ainda que calcado na brutalidade e na violência. Inexpressivo, insignificante, volúvel, inseguro, engraçado e complexado...
Porém,tinha o condão de dizer o que muitos ruminavam em seu íntimo , mas eram incapazes de exteriorizar. Transmitia tanta “sinceridade” no dizer que seduziu milhões dos que “precisavam” acreditar terrivelmente numa tábua de salvação. Ele era o protótipo da honra, da prosperidade; o defensor da família, do lar e dos bons costumes, santo arauto do politicamente correto. Eis um grande candidato a mito, uma lenda, um Messias.

A princípio, tido como uma excêntrica caricatura risível, foi menosprezado, colocado no rol dos fenômenos fugazes, mais uma celebridade artificiosa e breve. Contudo, aquele ridicularizado parlapatão, assumiu projeção até então, inimaginável. No preconceito, hipocrisia, ódio, anticomunismo que grassavam, encontrou terreno fértil para sua aventura. Notabilizando-se como o notório impostor, capaz de dizer e se desdizer sem a menor cerimônia, aliás, coisa bem própria de quem adota uma memória seletiva, onde só conta o que lhes interessa. Diante da imprensa, ficava irritadiço, perdia a compostura ante perguntas que não lhe eram do agrado, postando-se na defensiva. Tinha verdadeira fobia às cabeças pensantes e bem articuladas, opositores, críticos… O fato é que, absolutamente despreparado, ele não conseguia entabular uma conversa, discussão, um diálogo normal com as pessoas. Ante o contraditório, tornava-se irracível, queria tudo do seu jeito ou ele “saía da casinha”. Perguntas fora do script o confundiam, qual cachorro perseguindo o próprio rabo; fazendo-o distribuir broncas, gritos, gaguejadas, chegando a acumular  espuma de saliva nos cantos de sua boca. Insultos e detratações sobejavam em seu repertório de desargumentos. O cara não sabia se portar, de fato, era incapaz de trabalhar, nunca se dedicara verdadeiramente a isso. Mesmo assuntos de maior gravidade não eram tratados com a devida seriedade, a não ser que fosse um projeto do seu interesse. Fugia das reuniões mais sérias, mesmo porque, não entendia quase nada. Pouco cerebral, seus processos mentais eram reversos. Em lugar de estudar as possíveis soluções para um problema,  ele simplesmente o evitava, se ocupava com outras coisas, até que o inconsciente, o acaso, a sorte parissem uma resposta.

O escrito até agora, te fez lembrar de alguém, imaginar um determinado personagem? Pois é, a história guarda incontáveis lições que se ignoradas ou mal compreendidas, tendem desastrosamente a se repetir. Aqui, com base no trabalho de Walter Charles Langer, psicólogo americano, contratado pelo Escritório de Serviços Estratégicos (Office of Strategic Services - OSS), Órgão de inteligência, antecessor da CIA. Falamos de Adolf Hitler, em pleno poder na Alemanha. É bom que tenhamos aprendido e não deixemos se apagar essa dolorosa lição, para que tal desdita não se repita em mais nenhum lugar do mundo.

Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

8 Comentários

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    1. Precisamos estar sempre atentos para que momentos tristes da história não se repitam.
      Um abraço. Tudo de bom.
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  2. Nossa, estou sentindo as energias no ar, nem quero pensar, as noticias por aqui em nosso rico Brasil está mesmo de tirar a paz!
    Amei ler o texto, bem escrito e nem precisa se dizer nomes né mesmo?
    Esperemos pra ver como vai ser daqui pra frente!
    Ah meu amigo quanta angustia e insegurança!
    Abraços apertados!

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    1. Não é preciso nem é bom falar certos nomes. Que Deus nos proteja e Ismael com suas falanges benditas nos livre dessa má hora. Essa tempestade de insânias há de passar. Que fique a lição de que precisamos votar com a razão e não teleguiados pelo ódio e a estupidez da polarização que só serve aos interesses das quadrilhas politiqueiras e aos aventureiros à espreita.
      Um abraço. Tudo de bom.
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  3. Olá, prazer!
    Nem é preciso citar nomes, pois a semelhança e o cheiro no ar já falam por si só. Infelizmente... :(
    Beijo, beijo.
    She

    http://escritorasheilamendonca.blogspot.com/

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    1. De fato, desnecessário citar nomes, a história ameaça se reeditar, desastrada e triste. Eis o fruto amargo da ignorância e dos ódios.

      Um abraço. Tudo de bom.
      💙 No balanço da vida.

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  4. Um texto bem escrito e com muita transparência nos alertando sobre a realidade em que vivemos.
    Beijos carinhosos!

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    1. Muitas vezes a realidade grita, mas, a alienação nos faz surdos.
      Um abraço. Tudo de bom.
      💙 Qual é? ...

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Clique para ler: A pedra.            Poema de Antonio Pereira Apon.




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