O Navio de Teseu. Nós e o nosso barco, já não somos os mesmos



... Avançamos, derrotando monstros internos e externos, superando correntezas e intempéries, quitando os tributos impostos pelas materialidades que nos desgastam, angustiam, adoecem e aborrecem. Mas, vivendo com a convicção de bons navegadores, cientes de que tudo passa, é questão de tempo o rebrilhar do sol, o ressurgir das estrelas...




#PraCegoVer: Tempestade no Mar da Galileia, obra do pintor holandês Rembrandt.

Nosso corpo é o nosso barco, ao nascermos, lançado ao alto mar da vida. Na travessia do berço ao túmulo, enfrentamos adversas tempestades, calmarias e as surpresas do inesperado, desgastando as peças do nosso querido barquinho, exigindo reparos e substituições de peças muitas vezes fundamentais. Na refrega do viver, esse incessante navegar, nós espíritos que capitaneamos essa preciosa nau, também somos instados a mudanças: substituir velhas ideias, conceitos obsoletos, sentimentos extemporâneos, desejos anacrônicos, certezas caducas; necessária metamorfose evolutiva, desenvolvimento da inteligência emocional, sabedoria existencial, amadurecimento consciencial.

Um dos mais importantes heróis gregos, o mítico Teseu, notabilizou-se derrotando o Minotauro. Na época, Atenas pagava um pesado tributo a Creta. Anualmente era obrigada a enviar sete rapazes e sete moças, para serem colocados no labirinto e devorados pelo monstro, corpo de homem e cabeça de touro. Sabedor de tal absurdo, ele voluntariou-se como um dos jovens enviados, intentando vencer o monstro e libertar Atenas do infame tributo imposto pelo rei cretense. Daí, o pensador grego Plutarco, propôs um paradoxo: Teseu parte de navio do ponto A para o ponto B. Mas, ao longo de uma viagem de 50 anos, vai substituindo cada peça do barco conforme se desgasta, até que todas tenham sido trocadas. dá para dizer que o navio que chegou em B é o mesmo que saiu de A? Ou já é outro?

Paradoxos à parte, em nosso navegar no mar aberto da vida, vamos nos transformando de corpo e alma, nos atualizando, assim, somos outros ainda que sejamos os mesmos. Avançamos, derrotando monstros internos e externos, superando correntezas e intempéries, quitando os tributos impostos pelas materialidades que nos desgastam, angustiam, adoecem e aborrecem. Mas, vivendo com a convicção de bons navegadores, cientes de que tudo passa, é questão de tempo o rebrilhar do sol, o ressurgir das estrelas. Não desistir, não negligenciar o barco. Como Teseu; Desafiar, superar e vencer.

Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

14 Comentários

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  1. Boa noite amigo Antonio,

    Que excelente narrativa e aula sobre Mitologia refrescando memórias. Depois de tantas reformas podemos dizer que o navio é o mesmo, mas com outra cara.

    Um abraço de paz.

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  2. Sempre muito interessante ler os seus textos/poemas. Parabéns :)
    -
    Cofre sem fragmento...
    Beijo e uma noite! :)

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  3. Boa noite de paz, amigo Antonio!
    Vencer monstros internos é um dos maiores desafios do mar da vida.
    Muito boa a reflexão.
    Tenha dias abençoados!
    Abraços fraternos de paz e bem

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    1. Nossos monstros internos são os mais difíceis e perigosos. Vencendo-os, aprendemos a vencer tudo o que venha do exterior.

      Um abraço. Tudo de bom.
      A ARTE DA VIDA. APON HP 💗 Textos para sentir e pensar.

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  4. "Dasafiar,superar e vencer"!
    Aprender e aprender!
    Passamos a vida nos refazendo, reformando!
    Adorei o texto! Obrigado!
    Abraços!

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  5. Querido amigo Antonio, bem sabes que amo mitologia grega, pois sempre se encontra analogia em todas as bravatas dos deuses!
    Aqui está uma, que temos de sentir que viver é mesmo isso, estarmos ligados em nossa alma para poder cuidar do corpo, nosso barco recuperado ao longo de uma jornada!
    As influências de tudo, sobre tudo, batalha algumas vezes cansativas, nem todos aguentam, mas vamos indo, poetizando, escrevendo, sentindo, amei ler aqui!
    Abraços apertados!

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    Respostas
    1. Viver é navegar de corpo e alma no grande mar do existir. De porto à porto, do berço ao túmulo. Evoluir.

      Um abraço. Tudo de bom.
      A ARTE DA VIDA. APON HP 💗 Textos para sentir e pensar.

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  6. Teseu adorava aventuras... nós somos mais de venturas...
    Srrsssssss...
    Tudo do melhor
    Abraço, amigo António.
    ~~~~

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  7. Olá António.
    No nosso viver ainda temos muito de superar.
    E esperar que o nosso barco atraque em bom porto.
    Siga seu rumo.
    Sem medos.
    Abraço de fé.
    Megy Maia🌈

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    Respostas
    1. Vivemos instantes cruciais em que precisamos tocar o nosso barco destemido, enfrentando a maré dos acontecimentos com esperança, fé e serenidade.

      Um abraço. Tudo de bom.
      A ARTE DA VIDA. APON HP 💗 Textos para sentir e pensar.

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Clique para ler: A pedra.            Poema de Antonio Pereira Apon.




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