Não são bons, não são sãos



... não tarda o desenganar. Flertar com a ditadura, exumar a vil tortura; os capitães do mato, incapazes capatazes, sangue a derramar. Carente de senhores, de tutela, a ignorância se revela; deixa a liberdade lhe furtar. Diz amém, baixa a cabeça, incontinente continência; bovina rês a ruminar obediência, segue o rito...



O homem ferido, por Gustave Courbet #PraCegoVer

Tiranos não são bons,
tiranos não são sãos;
por seus poderes vãos,
vão-se todas as razões.
Com a democracia morta,
o arbítrio arromba a porta;
pra calar quem não se cala,
emudecer a divergente fala,
a quem negue eco ao mal dizer.
Brutalidade,
em nome de Deus, é farsa,
hipocrisia que disfarça, engana;

não tarda o desenganar.
Flertar com a ditadura,
exumar a vil tortura;
os capitães do mato,
incapazes capatazes, sangue a derramar.
Carente de senhores, de tutela,
a ignorância se revela;
deixa a liberdade lhe furtar.
Diz amém, baixa a cabeça,
incontinente continência;
bovina rês a ruminar obediência,
segue o rito de calar.
A verdade pouco importa,
os direitos se aborta,
força bruta a imperar.
E a história se replica,
a realidade se complica,
tardio arrependimento a suplicar.
Portanto, lembre agora,
quem à democracia desafora,
é pra para fora se botar.
Tiranos não são bons,
tiranos não são sãos...

***

Imaginando uma imagem para ilustrar esse poema, me veio à lembrança o quadro, “O homem ferido”, de Gustave Courbet. Nesse autorretrato, o pintor, o homem caído com um ferimento no peito. É o que se vê. Mas, radiografias feitas na década de 1970, mostraram um esboço oculto sob a pintura. Trata-se do mesmo homem abraçado com uma mulher que, se acredita ser a a mãe do filho de Courbet. Sobre isso, historiadores, especulam que a desistência da ideia original, deu-se por ele ter sido abandonado por sua amada, transformando o que seria uma homenagem, em um retrato de tristeza e sofrimento. Dualidade entre a felicidade de amar, substituída pela desgraça do desamor. Contextualizando a ilustração e o poema, podemos imaginar a perda da democracia com todos os seus defeitos e virtudes, que nos garantem a real liberdade de ir e vir, pensar, se expressar… Colocarmos isso sob a tinta obscura do despotismo, da subjugação fascista. Triste imagem, que o Brasil não há mais de pintar.

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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

10 Comentários

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  1. Poema "brutal" no bom sentido poético. Retrata fielmente os tempos do fascismo, agora que, as comemorações do 25 de Abril se aproximam. Se haviam ou não se se fazer, é outro assunto.

    Tenha uma semana abençoada

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    Respostas
    1. As sombras totalitárias espreitam virulentas e tenebrosas, fingindo virtudes, intentando instalar o obscurantismo. Tristes tempos que não hão de vitimar mais os povos.

      https://www.youtube.com/watch?v=33-bMTOlvx0

      Um abraço. Tudo de bom.
      A ARTE DA VIDA. APON HP 💗 Textos para sentir e pensar.

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  2. Boa tarde!
    Muita intensidade nesta publicação. Adorei ler... Obrigada!
    -
    Arrepio na mente ...
    -
    Beijos e um excelente semana.
    "Vai ficar tudo bem"

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    Respostas
    1. A estupidez tem abusado com muita intensidade da inteligência e da paciência dos brasileiros com discernimento. Os vírus da ignorância alienada e da burrice criminosa, estão assolando, junto com o da pandemia.

      https://www.youtube.com/watch?v=Bi_Ee_NNv9o

      Um abraço. Tudo de bom.
      A ARTE DA VIDA. APON HP 💗 Textos para sentir e pensar.

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  3. olá António,
    passando cumprimentar os amigo(a)s dos blogues
    desejando encontra-lo com saúde e lendo um belo texto que menciona a grande preocupação
    dos tempos aos quais estamos assistindo
    abraço grande

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    Respostas
    1. Tempos estranhos, de doenças físicas e morais de uma sociedade vitimada por si mesma, açoitada por interesses egoístas e inconfessáveis. Mas, tudo isso vai passar e dias melhores virão. Obrigado pela visita. Por aqui, tudo em ordem.

      https://www.youtube.com/watch?v=M89l0Lz7Ml4

      Um abraço. Tudo de bom.
      A ARTE DA VIDA. APON HP 💗 Textos para sentir e pensar.

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  4. Olá, Tonico!

    O teu poema é bem claro e direto e mostra bem o poder da ignorância, não sei se será ignorância ou qualquer outra força estranha, talvez religiosa, não sei. A crendice tudo pode arrebatar e ouvidos moucos e olhos fechados à luz e à verdade, acreditam, piamente.

    Parece k teu país está de cabeça para baixo, mas só alguns entendem e veem isso. Os outros aplaudem, dão apertos de mão em tempo de pandemia e medidas são pra terminar já para a semana. O homi tosse, mal pode falar, mas continua palrando, pke teve um passado de atleta. As multidões junto dele não se importam com o vírus, pke o deus deles tem todo o poder-rs.

    O Brasil não tem um regime fascista, não, mas tem gente que está de olhos fechados e mto agarrados ao Presidente e à religião, evangélica, mais que todas.
    Se tivessem um regime ditatorial de direita ou de esquerda, outro galo cantaria, te digo eu.

    Já conhecia esse quadro, mas não sabia da história dele.

    Beijos e muito cuidado com a Covid-19.

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    1. Os pastores mercenários fizeram bem o adestramento do seu rebanho, criaram uma horda de alienados que pagam tudo e seguem o alucinado que eles indicam. Tempos muito esquisitos esses de uma inexplicável e endêmica insanidade que compete com a virulência da pandemia. A ignorância de uns, servindo ao maucaratismo do farisaísmo moderno, consorciado com o poder apodrecido pela mixórdia politiqueira. Inventou-se o fascismo religioso ou alguma excrescência que o valha, fanatismo ideológico hipócrita.

      https://www.youtube.com/watch?v=2LYLWnfZ7zM

      Um abração sem vírus.

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    2. Os pastores vivem no bem bom e os estúpidos crentes vão na cantiga. Que alienação religiosa vive esse Brasil! Como tu bem disseste: fascismo religioso ou, acrescento eu, comunismo religioso.

      Qdo um estado é teocrático, andam tudo e todos às avessas.

      Estive ouvindo Caetano Veloso, mas tive que ler primeiro a letra, pois ela canta muito depressa essa música.
      A letra é daquelas, das dele. Ah, aquela burguesia, aqueles que têm e usam poderes podres! O que quer ele dizer com o termo bichas, que vão ao carnaval? É que bichas em Portugal tem conotação de gay.

      O vídeo não tem imagens e qdo começa a tocar fica tudo em negro, só se ouvindo a voz dele.

      Beijos e continua em casa.

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    3. Aqui, juntaram os gigolôs da fé com os cafetões da política para comandar um rebanho de alienados fanáticos e o pior! todos alucinados, saídos do hospício e sem medicação. Esse é o resumo do Brasil de hoje.

      Quanto à música, é isso mesmo, bicha é gay.

      Um abraço. Tudo de bom.
      A ARTE DA VIDA. APON HP 💗 Textos para sentir e pensar.

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Clique para ler: A pedra.            Poema de Antonio Pereira Apon.




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