Sozinho na multidão


Só na multidão, aglomeração de vazios; balada descompromissada da curtição; delírio digital, vai analógico o herdeiro do seu deserdar. Vadia solidão.


Pessoa solitária caminhando na areia da praia. #PraCegoVer

Só na multidão,
numa tribo sem tribo,
cada um atracado à sua solidão;
perseguindo vazios para encher seus vazios,
sozinho na aglomeração.
Criança indolente,
tardio adolescente,
adulto dissidente da realidade.
Na balada descompromissada da curtição,
retarda acomodado na casa dos pais;
quer toda liberdade,
nenhuma responsabilidade,
terceirizar seus ais.
Na bolha,
no seu deserto existencial,
cultiva depressão, ansiedade e tudo mais,
artificial,
busca em artifícios soluções;
nas tarjas pretas,
nas redes sociais;
analógico,
delira-se digital,
o tal!
Ficante errante,
iludido farsante,
entorpecido novidadeiro,
herdeiro do seu deserdar.
Só,
sozinho na multidão,
vadia aglomeração.


Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

6 Comentários

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  1. Boa tarde de paz, amigo Antônio!
    É impressionante a fuga para os Meios de Comunicação Social reinante nas famílias.
    Sem diálogo, cada um em seu celular, prisioneiro de vazios, como bem diz: sozinho na multidão.
    Tema muito propício à atualidade.
    Tenha um anoitecer abençoado!
    Abraços fraternos

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    Respostas
    1. Cada um na sua tela, conectada solidão; desconectada presença, sempre ausente.

      Bons dias, bom fim de semana.

      Um abraço. Tudo de bom.
      APON NA ARTE DA VIDA 💗 Textos para sentir e pensar & Nossos Vídeos no Youtube.

      Excluir
  2. Olá, Antonio, belíssimo poema, amigo! Esse seu poema me
    fez lembrar de uma avó que em seu aniversário convidou os filhos e netinhos.
    Ela, muito contente por recebê-los, morava sozinha. Chegando lá, abraços pra lá, abraços pra cá...
    e todos sentaram:
    cada um com seu celular e amigos virtuais e vendo mensagens que chegavam em seus celulares. Almoçaram e foram embora deixando a pobre avó na mais estranha solidão. É o que temos por aí, Antonio.
    Votos de um ótimo domingo e uma bela semana!
    Grande abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A virtualização dos afetos leva ao desafeto da realidade. Conectados na irrealidade virtual, desconectamos da real e redundante realidade. O mau uso do virtual induz ao abuso da irrealidade, assim vamos na distonia das relações, desumanizando, formalizando, "pasteurizando" afetos.

      Um abraço. Tudo de bom.
      APON NA ARTE DA VIDA 💗 Textos para sentir e pensar & Nossos Vídeos no Youtube.

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