Durmo sob as estrelas, sobre o chão desnudo, me cubro com o jornal que não sei ler. Vou morando por aí; cumprindo a sina, tatuando a retina de quem não me quer ver.

Moro onde o tempo tem pressa,
onde a sorte reversa vive versando o azar;
aonde a bala perdida sempre encontra alguém.
Moro no desendereço da cidadania,
lá onde reside a agonia.
Moro onde ninguém é de ninguém,
na esquina do desprezo com o desdém;
na quebrada,
na favela.
Figurante, coadjuvante da novela que o destino escreveu.
O protagonista?
Não sou eu!
Invisível personagem entre tretas e tramas do viver.
Moro onde nada é tudo que se tem,
onde a fé é o único remédio,
a esperança é o curativo que resta;
promessa, é só o que vem.
Moro onde o dia deserta,
onde a noite incerta,
faz-se atalho para o além;
onde a própria sombra assombra,
entre o tráfico e a milícia,
segue-se correndo da polícia,
brincando de sobreviver.
Moro entre o esgoto e o lixo,
no jogo micho do vil poder.
Moro ali em Deus me acuda,
rogando ajuda,
pedindo pra não morrer.
Durmo sob o teto de estrelas,
sobre o chão desnudo,
me cubro com o jornal imundo que não aprendi a ler.
Vou morando por aí;
cumprindo a sina,
carpindo a rotina,
tatuando a retina de quem não me quer ver.
Olá, caro Antônio Apon
ResponderExcluirBelo poema sobre o sem-abrigo que nada e espera
ser notado por quem não quer ver.
Tenha um bom fim-de-semana.
Abraço
Olinda
Triste realidade "invisível" que povoa as ruas.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
APON NA ARTE DA VIDA 💗 Textos para sentir e pensar & Nossos Vídeos no Youtube.
Boa tarde de sábado, amigo Antônio!
ResponderExcluirTenho visto o aumento crescente de pessoas abandonadas ao relento, por aqyi é um absurdo e na orla...
Um grito poético pertinente na atualidade.
Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos fraternos
Com tantos descalabros sociais, ainda tem quem se preste a bater palmas pra maluco, indo atrás das sandices da extrema direita golpista e aloprada.
ExcluirUm abraço. Tudo de bom.
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