O amor abre a porta, destranca, desempedra, desembrutece o coração; desenreda o destino, desentrava a emoção.

Vaguei,
caminhei nos descaminhos da ilusão;
nas trilhas da desilusão, descaminhei.
Te roguei ao infinito
fui eco no tempo.
Mas um peito mouco;
ensurdecido louco,
pétreo rochedo,
desalentou.
Coração de pedra,
não ouvida o rogo,
duvida da flor
desaquece,
esquece do amor.
Semeia tropeços,
espinheiros de indiferença;
intocada dor,
ausência que fere,
indeferir do amor.
Quem, o que te endureceu?
Quando emudeceu?
Ainda sabe amar?
Ou tão somente desaprendeu?
Olhar que foge,
dor que não se permite disfarçar.
Amor é coragem,
vontade pra abrir a porta.
Tolice, o descrer no destino
temer recair no abismo;
mas quem arrisca só fugir,
não corre o risco de fazer-se paraíso.
Coração de pedra,
chora em segredo,
no degredo de si mesmo;
endurece,
medroso, embrutece.
Deixa que o amor chegue,
se achegue;
ainda que pra lá da porta,
te espere,
aguarde que sua alma chame,
clame nova aurora.
Quem, o que te fez endurecer?
Deixa o sonho sonhar!
Se o amor tocar a pedra;
deixa ele entrar.
Coração de pedra...
Pode voltar a pulsar,
revascularizar,
amar.