Rotinas


Ilustração oficial do blog - Uma rosa vermelha na diagonal, sobre um fractal do por do sol, com o nome Apon em relevo, na parte inferior da imagem. #PraCegoVer

Antemanhã no prelúdio do dia, prenunciando a alegria de pássaros a cantar; alvorada, murmúrio de mar na cadência das ondas e a poesia de um novo dia que ensaia raiar. Rotina proposta de possibilidades repleta, arte da vida para o melhor despertar.


Mas…


O caminhão do lixo estupra a madrugada, devorando o silêncio, com sua bocarra fétida, arreganhada espalhando seu hálito chorumento. Garis dependurados na sorte, equilibrados na insalubre boca da morte. Sonos violentados, sonhos deflorados; acordar antecipado, precipitado, ditado pela falta de noção da sujeira da “limpeza pública”.


Nos jornais, tanta desgraça, farta falta de graça da insanidade geral. Amarga o café, o pão que a realidade amassou. Velhas “novidades” furtando a calma, despertando a pressa que à vida apreça e nos vem apressar.


Trânsito louco, esquizofrênicos engarrafamentos, esvair do tempo entre o nada e lugar nenhum. Qualidade de vida em stand by, estressada, subjugada; agônica espera da desrazão, desarrazoada penitência do ir e vir. Assaltos sem conta, insegurança a afrontar; A polícia “enxuga gelo”, até prende! Mas a justiça(?) a soltar.


Já cansado, o cidadão enfrenta a lida, por uma paga menor que o mês. Farta faltar, sobra não ter e não poder reclamar.


No fim do dia, reprisada agonia para em casa chegar. Rotina imposta, questões sem resposta a atordoar.


Lá fora um espetáculo de luzes e cores, crepúsculo fechando o dia, revoada de pássaros a se recolher, lua e estrelas na composição de um até amanhã! Mas disso, poucos sabem, quase ninguém viu. Atidos na rotina imposta, perdem a proposta de um viver melhor. Mais gente e menos autômatos, sem tanta pressa e tanto preço, mais apreço por si, redescobrir o endereço do seu eu. Rotinas paralelas, tão perpendiculares, reversas, diversas… O que fizemos? O que fazemos? O que faremos? Poderemos algum dia escolher?


Antonio Pereira Apon.

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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

6 Comentários

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  1. O que fazemos? O que faremos? Ai como é mesmo desalentador essa rotina imposta!
    Amigo, temos de ter um bom equilíbrio para não perder a fé e o juízo!
    Amei sua postagem, sempre ricas e informativas, com culturas e reflexões!
    Abraços bem apertados!

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    1. Valores mais humanos para sobrepor os desvalores consumistas, acordar para a realidade da vida. Fé sempre, equilíbrio e esperança constantes.

      Um abraço.

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  2. Rotinas consumistas de vida, de espaço, de amor, de vivências com o bem e a felicidade! Isso tudo nos degenera como humanos que somos... e, assim, deveríamos agir! Feliz sua mensagem introspectiva, Antonio!
    Abraço.

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    1. Miragens, ilusões consumistas, fazendo o vão intento de preencher com o ter o vazio do ser. Assim, fica-se escravo dessa tonta rotina torta.

      Um abraço.

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  3. Tonico, meu lindo!

    Esqueceu de mim. Foi? Não me enviou a "carta" do costume. E "nois" de "casamento marcado" e tudo (rsssssssssssssss). Tá postando pra caramba (rs), você!

    Um texto muito realista e muito bem escrito, como é teu apanágio. Conseguiste nos dar uma imagem do dia, inteirinho e de suas "atividades", lentas e/ou aceleradas. Sabes, António, eu detesto a rotina, mas "amo-a". Vá lá uma pessoa entender esta minha atitude!

    Vou almoçar. És servido? Canja de galinha? "Curte"?

    Bises, mon chéri (não se aflija (rs), pke é nome de chocolate, também, como já te falei, creio, que uma vez).

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    1. Já tem dois dias que lembro e termino esquecendo de mandar o link, deve ser coisa desses meus vinte e poucos anos. Kkkkk...

      Não tenho postado muito não, é que entre duas postagens novas, tenho selecionado e intercalado umas antigas.

      A rotina é necessária, o problema é o tipo de rotina que nos impomos ou permitimos que nos imponham. Temos que ter tempo para ter tempo, fora dessa ciranda louca dessa dita modernidade.

      Obrigado, mas não gosto de frango, carne vermelha como pouco, peixe, só bacalhau e sardinha. Não conheço ninguém mais chato para o lado de comida. Se tiver feijão, arroz e salada, para mim está bom. Chocolate eu adoro.

      Um abraço e bom fim de semana.

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Clique para ler: A pedra.            Poema de Antonio Pereira Apon.




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