Mangue, bordel, Brasil



... Das bananas aos bananas, indigência treinada, adestrada a gritar gol, requebrar e dizer amém. Pagar caro, posar de otário, não ser alguém. Ser mais um ninguém, atrás de um mitômano “salvador”...


Antonio Pereira Apon.


Les Demoiselles d'Avignon, pintura do espanhol Pablo Picasso. #PraCegoVer


Cale-se o cálice!

Tinto sangue,

retinto vinho;

da vinha, do que vinha,

da via do que não virá.

Bordel.

Velho mangue, caranguejo novo;

o lodo,

a lama,

o povo.

O novo?!

Velha,

requentada sina a se ruminar.

Das bananas aos bananas,

indigência treinada,

adestrada a gritar gol,

requebrar e dizer amém.

Pagar caro, posar de otário,

não ser alguém.

Ser mais um ninguém,

atrás de um mitômano “salvador”;

um qualquer gigolô da pátria,

qualquer um cafetão da mátria.

O mando do desmando,

tão pouca graça para tanto festar;

celebrar a própria desgraça,

triste raça, dócil alienar.

E meu nome nem é Raimundo,

pra rimar com o mundo e me libertar.

Sou brasileiro,

filho dessa província aqui!

“Província” que eu amo!

Mas é obrigada a nos desamar:

É a lei do mercado,

a banca dos bancos,

Mercenários a desgovernar;

são os dados da grana,

cassino do poder,

nosso azar a rolar.

Corruptos populistas,

Esquerdóides, direitistas,

gente tola a enganar.

Bordel.

Velho mangue, caranguejo novo;

cale-se o cálice!

Tinto...

retinto…

Viva o carnaval!!!


Mangue, pintura de Di Cavalcanti #PraCegoVer


Postado aqui em 01 de junho de 2017.


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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

6 Comentários

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  1. Tonico, ai, que eu não aguento seu ritmo, menino! Pensa que eu tenho a sua idade, é (rs)?

    Tanto jogo de palavras e que bem enquadradas e posicionadas. És "expert" nesse tipo de escrita.

    Um poema social e político, mais um, onde se critica e se satiriza. Os direitistas são gente boa, em geral. Já percebi. És do centro (rs), mas olha que aí, levas "pancada" da esquerda e da direita.

    Viva o Carnaval? Pois, entendo! É aquilo que interessa a todo o brasileiro, mesmo com fome, insegurança, corrupção, etc. e tal, mas que haja Carnaval. Verdade?

    O quadro que publicaste, aqui, mostra um bordel. Me parece. Será? Mangue, pode ser árvore, terreno pântanos ou verbo.

    Beijinho soprado, pra fazer ventinho pra ti.

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    Respostas
    1. O pior é que por aqui, não há esquerda, direita, nem mesmo centro. A política brasileira virou uma enorme ferida prestes a gangrenar. Montam um grande acochambramento para escaparem da justiça e seguirem ludibriando o povo, ganhando dinheiro a qualquer custo. O país e todo o resto que se dane. Em termos de politicagem não tem essa de "gente boa", apenas e tão somente, interesses, que prejudicam mais ou menos a população. Com certeza, inexistem santos nessa seara. Já demônios...

      Pois é, vive-se uma alienação carnavalesca, futebolística... Enquanto a realidade se traduz nesse gigantesco bordel ideológico simbolizado nessa aquarela de Di Cavalcanti, bem intitulada de "Mangue". Mangue, no sentido mais pejorativo que esse verbo possa ter.

      Por fim. Eu sou jovem minha amiga! Rs rs rs...

      Um abraço e bom fim de semana.

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  2. Ah, tu "tá" exagerando. Então, aí não há gente boa? Eu conheço, pelo menos, uma pessoa aí, que considero boa, embora no verão se movimente mto na cama, não deixando sossegar a companheira e não goste, no plano alimentar, de pouca coisa, mas ninguém é perfeito, né (rs)?

    Tonico, mas o teu país, como todos os outros, são feitos por pessoas, mas o k tu queres dizer é que políticos e afins, não prestam.

    Bordel gótico, bem me pareceu. Mangue, do verbo mangar. Pois, continuemos, mangando, então!

    Beijinho, lindo!

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    Respostas
    1. Deu PT, Perda Total na política; quase ninguém escapa. Pelo menos do que esteve ou está no poder nesses últimos 15 anos, pouco ou nada vale. O povo brasileiro foi "adestrado" para ser como é: sem noção, omisso, alienado... e deu nisso que estamos vivendo. Agora, só tempo, e muito, para mudar a política e a cultura da nossa gente

      Obrigado pela parte que me toca. No Brasil tem muita gente boa e de bem. Ainda que na política, nem tanto; transformaram a república num verdadeiro mangue.

      Um abraço e bom fim de semana.

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  3. Nossa política, ainda que você a expresse com tamanha inteligência e perspicácia de todos os setores e momentos, encontra-se com uma grande metástase disseminando "super bactérias" em nosso "bordel Brasil" Adorei!
    Abraço.

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    Respostas
    1. Metástase, gangrena, septicemia... A república e a democracia estão feridas de morte. A corrupção graça, para a desgraça geral.

      Um abraço e bom fim de semana.

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Clique para ler: A pedra.            Poema de Antonio Pereira Apon.




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