Dia dos pais. José do Sapateiro


O Sapateiro, pintura de David Fulton.

Aquele menino era filho de um pobre sapateiro e uma empregada doméstica. Aos sete anos, perdeu a sua genitora, cabendo ao velho José, fazer as vezes de pai e mãe. Um grande exemplo de “pãe”.


Prestimoso e esmerado, seu José fazia por seu filho, tudo o que estava dentro de suas possibilidades, ensinando ao menino desde cedo, que precisava viver dentro das condições que tinham, esforçando-se sempre em busca do melhor. Consciente, o velho sapateiro, não era desses pais que arrotam sandices do tipo: “Vou dar ao meu filho tudo o que eu não pude ter”. Assim, Zezinho, logo aprendeu uma antiga lição, a de não colocar chapéu onde a mão não pudesse alcançar. Não encontrou facilidades, não teve brinquedos caros nem pôde frequentar caras escolas, mas, recebeu vastas lições de honradez e dignidade, ética e perseverança, humildade e determinação, proatividade e responsabilidade, valores…


Adorava seus carrinhos de lata de óleo de soja com rodas de carretel de linha, os de sobras de madeira, entre tantos brinquedos feitos pelo pai, que com elásticos, borrachas e o que tivesse à mão, engendrava mecanismos para dar algum movimento às fantasias do filho, que encontrava encantamentos nas invencionices paternas.


Ajudava o pai na sapataria, fazia pequenos serviços para os vizinhos, sem prejuízo à diversão e o estudo. Com o que o sábio José não transigia. Pai presente e interessado, vez por outra, dava uma incerta na escola para ver como andava o filho, acompanhava, cobrava, cumpria o seu papel.


Certo natal, o menino manifestou o desejo de ter um smartfone, nem era um desses tops de linha, mas, o pai não tinha como comprar. Então lhe deu um desses cofrinhos de plástico em forma de porquinho e propôs ao filho que fosse juntando durante aquele ano as moedas de um real e cinquenta centavos que conseguisse. E se até o natal seguinte, não acumulasse o suficiente ele completaria. Não só o bastante. O rapaz juntou até para também comprar o seu primeiro presente para o velho pai.


Zezinho cresceu, compenetrou-se José e com muito esforço formou-se advogado, prosperou, abriu uma fábrica de calçados e além do nome que o pai lhe deu, adotou como sobrenome o ofício do genitor. Gostava de ser chamado: José do Sapateiro, como ficou conhecido desde a adolescência.


Antonio Pereira Apon.

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Antonio Pereira Apon

Autor do poema: A pedra. O distraído nela tropeçou... Procurando escrever em prosa e verso com a arte da vida.

10 Comentários

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  1. Boa tarde:-Por muito simples que sejam, não existem melhores e mais sábios, que os conselhos de Pai ( e mãe)
    .
    * Versos Poéticos de Amor ( Poetizando e Encantando ) *
    .
    Votos de um domingo muito feliz

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    Respostas
    1. "Casa dos pais, escola dos filhos", diz o ditado que vem caíndo em desuso. Infelizmente!

      Um abraço e um bom fim de semana.

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  2. Bom dia querido amigo poeta sensível Antonio!
    Que lindo texto, emocionante, me transportou ao meu tempo de criança e a alegria de também ter tido uma educação assim, de reconhecimento dos verdadeiros valores da vida!
    Conselhos dos pais, os que amam seus filhos de verdade e sempre presente em suas vidas!
    Amei ler, deixo aqui um feliz Dia dos Pais!
    Abraços apertados!

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    1. Pena que muitos pais de hoje estejam abdicando do seu papel de educadores dos filhos, terceirizando e se limitando a meros mantenedores, "paitrocinadores" de uma vida de relações coisificadas.

      Um abraço e um bom fim de semana.

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  3. Oi, menino Tonico!

    Tu, de noite, escreves ainda melhor. Acho k tinhas o coração cheio de mel -rs e então, escrita pra k te quero!

    Adorei a tua história, a tua prosa e a mensagem k ela encerra. Já não temos Zezinhos, desse jeito, ou se temos, temos mto, mto poucos.

    Assim é k se transmitem os valores e se ensina a criança a ir conseguindo obter, step by step, aquelas "coisinhas" de k todos gostam e k os pais, por ser acessório, não podem ou não pretendem dar para não criar na criança compulsividade nas compras.

    Embora, eu tivesse uma infância mto feliz e com bastantes brinquedos, preferia escutar histórias, k meu avô me contava ao serão, passear de burro com as perninhas ou para o lado dto do dorso do animal, ou para o lado esquerdo (menina era diferente de Menino ao moinar o burro, assim me dizia meu avô), roupa nova, k a costureira k minha tia Rita, k não tinha filhos, contratou para fazer costura lá em casa, ajudando a mocinha, economicamente, cantar fado e dançar como as ciganas, exibindo-me para a família e amigos.

    O Zezinho se tornou advogado com seu esforço e de seu pai. Ser chamado "José do saapteiro" era uma forma terna e agradecida a seu amado pai.

    FELIZ E AGRADÁVEL DIA DOS PAIS. PERDESTE O TEU BEM CEDO. ENTENDO O QUE ESSE DIA SIGNIFICA PARA TI.

    Abraço extensivo a ambos.

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    1. Prefiro escrever pior e dormir melhor. Rs rs rs...

      A família vem abrindo mão do seu papel, perdendo suas histórias e ternura. Muito por culpa dos próprios pais, escasseiam os zezinhos e abundam filhos problemáticos, melindrosos e sem noção. Assim, vai se consolidando uma sociedade vazia, transbordante de desvalores, psicótica, neurótica, dementada mesmo.

      https://www.youtube.com/watch?v=sfixHYBWaiU

      😚

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    2. Sim, concordo.

      Sem dúvida alguma.

      Gostei da canção: pais e filhos não se entendem.

      Abracinho.

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    3. Cada dia mais desentendimentos, conflitos... Precisamos arrumar a casa, resgatar a família...

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  4. Boa noite. Todos os elogios ou Homenagens são merecidas para quem ainda tem Pai. Parabéns!!

    Beijos-Boa noite!

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    1. Vivas para todos os pais! Os encarnados e os que já passaram para o outro lado da vida.

      Um abraço e uma boa semana.

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